Tenho
certeza que as amostras de calha são uma fonte primordial para o trabalho do
geólogo e consequente contribuição na localização de acumulações de
hidrocarbonetos. As amostras de calha são a fonte mais contínua de dados de
rocha e sua acurada análise e interpretação nos dá uma excelente visão
histórica deposicional da bacia sedimentar estudada.
Não sei
por qual motivo, mas as amostras de calha são pouco valorizadas por muitos
profissionais ligados a atividade de E&P pelo mundo, seja pelos métodos de
coleta, impressão da incerteza ou talvez pela insistência dos geólogos de campo
em interromper a perfuração ou mesmo controlar a taxa de perfuração em busca de
uma boa amostragem, pois estamos furando poços em busca de petróleo e gás e não
água, concordam, e um metro de amostras com indícios de hidrocarboneto deixadas
para trás podem deixar de lado algumas centenas de milhares de barris de HC.
Amostra de Calha observada pela lupa binocular |
Coleta e Lavagem
Durante a
perfuração, a broca tritura a rocha e o fluido de perfuração fica responsável por
trazer os fragmentos da rocha (amostra de calha) até a superfície.
Na
peneira de lama da sonda, onde é separado as amostras do fluido, é indispensável
a presença de um anteparo onde deverá acumular as amostras, não apenas a da
superfície, permitindo assim um intervalo representativo de amostragem.
O bom
relacionamento e comunicação com o peneirista da sonda ou sample catcher, responsável pela coleta e lavagem das amostras é
primordial para uma boa amostragem. Após a coleta, a rápida lavagem do anteparo
para um novo acumulo é fundamental para a continuidade da boa amostragem.
Após a
coleta e lavagem em duas peneiras manuais de diferentes diâmetros, o material
retido na peneira mais grossa é descartado, digo, em parte, pois não menos
importante materiais muito grossos, ou lascas de folhelho indicam a presença de
“cavings”, material desabado devido a sobrepressão (overpressure), enquanto que
o mate. Já o material retido na peneira mais fina é armazenado em sacos
apropriados e entregues aos geólogos de campo para identificação litológica e de
formação que o poço está atravessando.
Como
podem ver, a desconfiança em relação a precisão dos dados oriundos das amostras
de calha se dão por vários fatores, seja pela contaminação da amostra com
outros fragmentos de intervalos anteriores ou de material onde o poço cedeu
parcialmente, ou mesmo pela defasagem do intervalo descrito em função do tempo
que a amostra leva para chegar a superfície.
Entretanto, mesmo com as más condições de
poço, amostras bem descritas são bem correlacionáveis com dados indiretos de
MWD e perfilagem a cabo dando aos geólogos e engenheiros uma boa noção da
litologia atravessada no poço.
Leonardo de Montalvão
Diretor / Geowellex Mud-Logging / Empresa de Tecnologia em Geologia do Petróleo.