domingo, 12 de março de 2017

A importância das Amostras de Calha para a descoberta de campos de petróleo



Tenho certeza que as amostras de calha são uma fonte primordial para o trabalho do geólogo e consequente contribuição na localização de acumulações de hidrocarbonetos. As amostras de calha são a fonte mais contínua de dados de rocha e sua acurada análise e interpretação nos dá uma excelente visão histórica deposicional da bacia sedimentar estudada.
Não sei por qual motivo, mas as amostras de calha são pouco valorizadas por muitos profissionais ligados a atividade de E&P pelo mundo, seja pelos métodos de coleta, impressão da incerteza ou talvez pela insistência dos geólogos de campo em interromper a perfuração ou mesmo controlar a taxa de perfuração em busca de uma boa amostragem, pois estamos furando poços em busca de petróleo e gás e não água, concordam, e um metro de amostras com indícios de hidrocarboneto deixadas para trás podem deixar de lado algumas centenas de milhares de barris de HC.


Amostra de Calha observada pela lupa binocular

  
 Coleta e Lavagem
Durante a perfuração, a broca tritura a rocha e o fluido de perfuração fica responsável por trazer os fragmentos da rocha (amostra de calha) até a superfície.
Na peneira de lama da sonda, onde é separado as amostras do fluido, é indispensável a presença de um anteparo onde deverá acumular as amostras, não apenas a da superfície, permitindo assim um intervalo representativo de amostragem.
O bom relacionamento e comunicação com o peneirista da sonda ou sample catcher, responsável pela coleta e lavagem das amostras é primordial para uma boa amostragem. Após a coleta, a rápida lavagem do anteparo para um novo acumulo é fundamental para a continuidade da boa amostragem.
Após a coleta e lavagem em duas peneiras manuais de diferentes diâmetros, o material retido na peneira mais grossa é descartado, digo, em parte, pois não menos importante materiais muito grossos, ou lascas de folhelho indicam a presença de “cavings”, material desabado devido a sobrepressão (overpressure), enquanto que o mate. Já o material retido na peneira mais fina é armazenado em sacos apropriados e entregues aos geólogos de campo para identificação litológica e de formação que o poço está atravessando.
  Como podem ver, a desconfiança em relação a precisão dos dados oriundos das amostras de calha se dão por vários fatores, seja pela contaminação da amostra com outros fragmentos de intervalos anteriores ou de material onde o poço cedeu parcialmente, ou mesmo pela defasagem do intervalo descrito em função do tempo que a amostra leva para chegar a superfície.
 Entretanto, mesmo com as más condições de poço, amostras bem descritas são bem correlacionáveis com dados indiretos de MWD e perfilagem a cabo dando aos geólogos e engenheiros uma boa noção da litologia atravessada no poço.


Leonardo de Montalvão
Diretor / Geowellex Mud-Logging / Empresa de Tecnologia em Geologia do Petróleo.